Pitões das Júnias

Um grupo de amigos movidos pelo mesmo hobby, a fotografia, encetaram uma jornada a Pitões das Júnias à procura da documentação imagética para memória futura.

Na aproximação a Pitões das Júnias, momento para contemplar o enquadramento da aldeia na paisagem. A serra, os campos e as habitações, formam um conjunto uníssono. A ruralidade é uma realidade preservada, evidente na arquitetura vernacular, mas que sinais da evolução, começa a apresentar sinais de modernidade.

As intervenções, algo pitorescas, não deixam de evidenciar alguma graça, mantendo uma evolução erudita mas fruto dos sinais do tempo. Aparte disso, também está presente um outro sinal, algo preocupante, denotado pelas ruínas que aparecem aqui e ali, mas que muitos ainda teimam em contrariar, que é a desertificação. Prova disso são os residentes que mostram que ainda vale a pena viver neste canto de Portugal.

E para que os residentes possam sentir força em preservar o que é tradicional, necessitam que seja valorizado o que fazem. Ao visitar Pitões das Júnias, encontramos um Museu que mostra muito do que já não tem uso e que as gerações mais novas desconhecem. É um espólio de memórias de tradições e costumes que se vão perdendo e que aqui deixo uma pequena amostra do espólio distribuído em dois pisos.

Na visita à aldeia deparamos com alguns residêntes que não se furtam a dar a conhecer alguma da sua história.

Os descendentes, os que trabalham nos estabelecimentos e os que trabalham o campo, adaptados à tecnologia do presente, vivendo em recônditos lugares, detém o acesso ao progresso e enriquecem-se com a sua herança cultural. Vivem no meio daquilo que muitos desconhecem, mas que se acham conhecedores.

E depois, aqueles que movidos pelo gosto de fotografar, fazem com que se crie memória futura. Registam generalidades e detalhes num complemento à memória, com o sentido da divulgação, num ato voluntário de aculturação dos que os rodeiam. Mostram o que vêem e convidam a que vão apreciar a realidade. Porque por muito boas que as fotografias sejam, a realidade é sempre mais interessante.

É então que surgem detalhes de natureza, duma flora diversa onde estes detalhes da flor de açafrão deixam trabalhar alguma criatividade do enquadramento.

E por tudo que nos rodeia, a paisagem é deslumbrante, de tal forma que uma estrada inerte, despida de qualquer beleza, apela a beleza da paisagem que a envolve. E é rica essa paisagem por tudo que a preenche. Os rochedos que denunciam o quão agreste é este meio, são embelezados por algumas árvores como se de uma jarra de flores se tratasse no airoso adorno de uma mesa.

E é isto que motiva o fotografo a experimentar um registo em modo monocromático para poder observar os contrastes de preto e branco, adoçados com os cinzentos.

19 de agosto

19 de Agosto, dia mundial da fotografia, não fica em claro ao meu olhar, mas não gosto muito deste tipo de comemorações, principalmente quando não há respeito pelos fotógrafos, sejam profissionais ou amadores! Dos profissionais há que referir que no exercício da sua atividade merecem todo o respeito porque de uma forma profissional constroem histórias que muitas vezes não são reconhecidas. Os registos fotográficos são documento que falam por si e se muitos acham a fotografia banal, muito à custa da evolução tecnológica, recordemos os fotógrafos do passado que calcorreavam processos técnicos que dependiam do conhecimento adquirido com muita experiência e em que os recursos didácticos não estavam disponíveis na net à distancia de um “tag”. O tratamento da fotografia, hoje chamado de edição, que também se faz, mas sem o devido enquadramento, é quase intuitivo e qualquer habilidoso o consegue fazer, bem ou mal, assume uma ostentada postura, de tal forma que começa a considerar-se um “expert” em fotografia! Mas a fotografia deve conservar alguns princípios que a mantenham genuína, caso contrário, temos apenas editores gráficos que de fotografia nada sabem!

Considero ainda que os motivos que regem um dia mundial deveriam ser válidos 365 dias por ano, podendo ser esquecidos uma vez de quatro em quatro anos, ou seja, um dia nos anos bissextos!

Desta forma, os dias mundiais são no mínimo ridículos!

Quanto aos fotógrafos amadores, que os há em grande numero e alguns muito bem bons, são dignos do nome quando sabem respeitar o próximo (fotografo)!

Mas registe-se que no meu ponto de vista existe mais uma figura no teatro da fotografia! Se até há pouco existiam fotógrafos profissionais e fotógrafos amadores, estão a aparecer em grande numero uns seres que entram no mundo da fotografia e a que eu chamo de cliqueiros!

E o que são cliqueiros!?

São pessoas que se dedicam aos cliques e que sem qualquer autoanálise crítica, espalham imagens sem qualquer cuidado ou qualidade como de grandes registos se tratasse, descredibilizando aqueles que de uma forma responsável produzem imagens de excelência.

E porque é que aparecem repórteres de vídeo!? Porque um repórter de vídeo precisa de ter muitos conhecimentos de fotografia.

Aparte disso, deixo aqui a minha homenagem ao dia mundial da fotografia, repudiando uma pergunta que surgiu nas redes sociais, sobre se “existe o dia mundial do fotografo!?”, pelo facto de a fotografia só existir porque há fotógrafos!

Nesta seleção de fotografias, fiz uma escolha onde aparecem fotógrafos profissionais, fotógrafos amadores e “qui ça”, algum cliqueiro! Registos ocorridos durante o Desfile da Mordomia nas Festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo.