OS DE LÁ DE RIBA

Os saberes e o linguajar de um povo

Alda Barreiros & Maria Alves

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Riba de Mouro, acima de Mouro, é casa daqueles que são os de lá de riba! Ou seja, os de lá de cima!

Ao contrário do que é comum, em que os de fora vão mostrar o que há lá dentro, foram duas pessoas de dentro que decidiram mostrar ao mundo o que de melhor havia, para que se vivesse em comunidade! Um linguajar!

É longa a história de Riba de Mouro, mas esta pequena grande parte, o linguajar do povo, veículo importante de comunicação, para que haja entendimento, foi compilado e estudado por gente originária da terra! Duas pessoas fizeram um trabalho de pesquisa, estudo e compilação do muito que ainda é o linguajar de muitos habitantes e em tempos de toda a população!

Uma página do Facebook, para partilha de expressões típicas e outros saberes, mas de coisas em risco de extinção, sobretudo o linguajar, ideia que surge em 2012, teve evolução tal que passou a ser intenção em 2019, a execução de uma obra escrita sobre o tema!

Estas duas pessoas, Maria Alves e Alda Barreiros, deram corpo a um trabalho de grande importância para a preservação do património cultural e contaram com o apoio de familiares, amigos e conhecidos!

Chegados a 2022, fazem a apresentação pública do livro “Os de Lá de Riba”, obra que traz a público, a par da página do Facebook, uma forma de linguajar que corria risco de se perder!

Os de la de riba - Livro

Capa do livro, “OS DE LÁ DE RIBA”, de

Alda Barreiros e Maria Alves

Foi no passado dia 6 de agosto de 2022, finalmente, apresentado um livro com esses dizeres. Fruto de um trabalho aturado de procura de escritos e testemunhos vivos que ainda falam daquela forma! É a riqueza do povo português que luta contra a pobreza da vaidade!

A apresentação do livro por parte das anfitriãs contou com a presença do Vereador da Ação Social, Cultura e Turismo, João Oliveira, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Monção, Presidente da Junta de Freguesia de Riba de Mouro, José Manuel Rodrigues Fernandes e do Professor, Antropólogo Álvaro Campelo, autor do prefácio.

Familiares, amigos e testemunhos, fizeram também por estar presentes como forma de reconhecimento pelo trabalho apresentado.

Este trabalho mereceu a atenção imediata do Município de Monção, tendo manifestado o interesse no apoio à concretização da referida obra literária que tanto contribuirá para a cultura local.

O momento culminou numa alongada sessão de autógrafos que os presentes não quiseram desperdiçar.

Durante alguns anos, e por ter nascido e sido criado na cidade, ouvia sistematicamente chamar às pessoas das aldeias, de parolos!

Há muito que esse nome se decompôs no meu consciente porque, por força profissional, tive de conhecer gentes de lugares remotos, os ditos parolos, mas que rapidamente reverteu o título, porque essas pessoas, pela proximidade, fizeram-me entender que se tratava de pessoas de fracos recursos literários, mas ricos de conhecimentos do saber fazer e resolver as adversidades com parcos recursos, mas muita sabedoria! Detentores de conhecimentos que hoje são a base de muitas soluções, que a ávida necessidade de implementar tecnologias avançadas, deitam muitas vezes a perder eficiência em relação aos saberes destas gentes!

Foi conhecendo gentes de meios humildes que percebi que parolo era eu e todos aqueles que desconhecem estes saberes, de gente rica de uma cultura que não vem nos livros! Na realidade, já se vai fazendo algum trabalho, mas com a velocidade a que a parola evolução se vai impondo, estes ricos saberes tendem a perder-se.

Por isso, parolos são os da cidade que na teoria são dominantes e na prática mal conseguem resolver situações de dificuldade básica!

Muito mais se poderia dizer sobre este assunto, mas é sobre esta cultura rica que este artigo ajuda a divulgar um livro que é um autêntico legado para a história da língua portuguesa, mais propriamente o linguajar de uma comunidade, que por imposição de um acordo ortográfico poderia relegar-se para o esquecimento!

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